domingo, 9 de novembro de 2008

Ouvindo a voz do Povo

Corrige-te, ó Jerusalém, para que a minha alma não se aparte de ti, para que não te torne em assolação e terra não habitada. (Jr. 6:8)

Dois líderes estavam, num agradável colóquio, discutindo sobre a melhor forma de conduzir a Igreja. Um deles se dizia realizado com o sucesso do seu ministério porque construíra um grande templo, sua igreja possuía um rol de membros invejável, era bem organizada e seu salário podia assegurar-lhe um nível de vida até certo ponto, mais do que confortável; além do mais, ele era um conferencista internacional e seu ministério tão bem estruturado era o modelo que todos gostariam de imitar, compartilhava com o amigo. – “E, sabe qual a razão do meu sucesso, caro colega? Eu aprendi a ouvir a voz do povo e comecei a atender as suas expectativas”.
O outro líder, que apesar de não ter um grande rebanho, e seu salário pastoral lhe proporcionar uma vida modesta, o suficiente para dirigir um carro popular, ouvia calado, mas, meditativo sobre os moldes os quais seu colega conduzia a obra. Ao se despedir do amigo, disse: eu prefiro continuar ouvindo a voz de Deus, atender e entregar as expectativas de Deus ao povo.
A exposição desse diálogo não é uma fábula e nem um conto fantasioso, porém, é a realidade do que temos presenciado. Quando, pela bondade do Senhor, eu assumi a liderança de capelania pela UNITED CHAPLAIN INTERNATIONAL (New York-NY), fui eleita, também, representante da União Internacional de Pastores, pela UNIPAS (Newark, NJ), com a responsabilidade de eleger a sua diretoria no estado de Massachusetts; e assim o fiz indicando os nomes de obreiros ao meu presidente, os quais foram apresentados em plenário, postos em votação e aceitos. Na ocasião, de representante passei a Relações Públicas do ministério, porém, isso não me impedia de continuar na liderança de Capelania. Bem, o então presidente estadual, eleito, certo dia, enquanto eu lhe pedia permissão para continuar usando as dependências do templo para as reuniões mensais de capelania, me disse: Você está fora da capelania. Eu não preciso mais de você. Fiquei pasma e me surpreendeu a sua atitude porque ele havia, recentemente, assumido o pastorado da Igreja na qual eu era membro e eu pensei que pudéssemos realizar a obra de Deus em parceria e harmonia; afinal ele era meu pastor. Eu lhe disse que apesar de ser ele o presidente daquela organização, não tinha autoridade para me depor do cargo que exercia porque sua gestão era estadual e eu havia sido eleita por uma assembléia internacional. Na realidade ele era quem estava debaixo da minha autoridade naquela liderança, como um capelão e eu debaixo da sua autoridade, como ovelha. E a meu ver não deveria haver choque de lideranças porque diante de Deus éramos iguais. Estávamos naquele ministério como servos de Jesus, e, Ele disse que o maior deveria servir o menor. “Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. (Mt. 20:26-28). Foi assim que aprendi, pois eu temia o Senhor e tinha meus princípios doutrinários. Jamais iria passar por cima de sua autoridade como meu pastor, e mesmo sendo líder eu tinha consciência de que precisava estar debaixo de sua cobertura espiritual para conduzir aquele ministério tão maravilhoso, porém, tão espinhoso.
Infelizmente, muitos homens do mundo machista não aceitam a nova condição dada por Deus às mulheres. Deus tem levantado e capacitado mulheres para guerrear e assumir o pelotão de frente nas fileiras do seu Exército. Mas, eles acham que é humilhante ouvir o que Deus tem a ensinar através dos lábios de uma mulher. Mulheres não podem assumir o púlpito de suas igrejas para pregar; mulheres não podem exercer cargos de liderança. Imaginem se Baraque pensasse o mesmo e não aceitasse Débora como sua parceira para combater contra os inimigos de Israel!
E, certamente, se esses homens vivessem na época de Jesus eles seriam os primeiros a mandar matá-lo; porque Jesus amou, valorizou e restaurou as mulheres da humilhação em que viviam e aceitou o trabalho da mulher em seu ministério. "E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido JESUS desde a Galiléia, para o servir;" (Mt. 27:55).
Mais tarde, falando com um membro da organização sobre o que havia acontecido e o meu desapontamento com a atitude do novel presidente, ele me aconselhou, dizendo: Não fique assustada com certas atitudes de colegas. Você é uma líder e por estar exercendo um cargo de alto nível o qual muitos gostariam, e, também pelo reflexo do bom trabalho que está fazendo, não é de estranhar que seja incomodada. Não se impressione por isso; ele acabou de assumir o pastorado da igreja e seu objetivo é crescer; cresce com ele!
Eu não estava disposta a conduzir a obra fora das convicções que diante de Deus havia assumido. Mas, como a maioria, aquele líder também seguia a voz do povo e seu objetivo era crescer, não importava os meios.
Jesus disse que a ovelha segue a voz do pastor, e não o contrário. Mas, porque o pastor perdeu a direção de Deus, ele segue a voz do povo; ele obedece e atende as exigências do povo. E quando o líder pára para escutar a voz do povo ele não sabe o que fazer porque são muitas vozes a escutar, e por isso a visão do chamado se perde; obedecer a voz de Deus e levar somente a sua mensagem ao povo já não é tão importante. E quando ele fala, o povo ouve, mas, não entende a Palavra; o pão é oferecido, mas a fome seca os ossos; a água jorra da fonte, mas, não sacia a sede dos sedentos; e em muitos lugares a igreja está tão visivelmente decadente como o povo de Israel quando não havia liderança: cada um fazia o que queria, diz a Palavra.
Nestes últimos tempos tem se levando ministérios, pastores, profetas e eles fazem, não segundo o que diz as Escrituras, mas segundo o que cada um quer. O povo está sendo convocado para grandes ajuntamentos e ele vai; e muitos não medem sacrifícios com os gastos com taxas e estadias, quer seja em hotéis de luxo, pousadas fazenda, etc, porque os organizadores destes eventos se esforçam para levar o povo em lugares atrativos porque a voz do povo quer o que lhe encanta os olhos.
A juventude enche os templos e passa horas clamando pelo pão e a água da vida e nunca é saciada; as igrejas gastam milhões para informatizar, equipar e modernizar seus templos; seus líderes se esforçam para se informar e se atualizar intelectualmente, correm atrás de títulos acadêmicos e dos púlpitos exibem seus mestrados e doutorados, mas, os que ocupam as confortáveis poltronas de suas igrejas não são capazes de influenciar e transformar a sua vizinhança porque as pregações de seus líderes não são capazes de mudar a própria vida deles. O povo de Israel levava o Senhor lamentar: Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto? Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade.(Jr 6:14). Sabe por que isto está acontecendo? Porque a maioria dos líderes, apesar de seus jejuns, seus esforços e "sacrifícios" estão mais interessados em ouvir a voz do povo; e por ouvir a voz do povo pouca ou nenhuma diferença está havendo entre o que se identifica como servo de Deus e o que não é servo. “Porventura envergonham-se de cometer abominação? Pelo contrário, de maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem; no tempo em que eu os visitar, tropeçarão, diz o Senhor”, (Jr14:15).
Uma vez ouvi um jovem dizer: esse pregador está ultrapassado! Para muitos, falar o que Deus manda e exortar o povo ao arrependimento é estar ultrapassado, impedir que o mundanismo execute seu intento de destruir as "veredas antigas" que mostram a diferença entre o que serve a Deus e o que não serve, é estar fora da modernidade, é ser um pregador obsoleto. “A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, e não podem ouvir; eis que a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa, e não gostam dela”. (Jr 6:10). Tem muita gente que se identifica como filho de Deus dentro da igreja, mas, fora das quatro paredes tem vergonha de testemunhar da palavra do Senhor; tem vergonha de se identificar como um cristão; tem vergonha quando um irmão se aproxima dele e lhe saúda com a paz do Senhor Jesus.
Mas, o que está acontecendo com essa gente porque ela ouve as pregações; faz parte dos ajuntamentos; vai aos chamados: encontro com Deus; participam das campanhas de libertação, de curas, e de prosperidade; então, porque não há mudança na cidade, se em cada esquina tem uma igreja que prega transformação? Porque a violência toma conta da cidade e as cadeias estão cheias de pessoas desesperadas e sem sentimento pelo bem? Porque a Palavra não penetra no coração das pessoas e as transforma? Sabe, Por quê? É porque o Pastor foi chamado para conduzir as ovelhas e não para ser conduzido por elas. Porque entre o rebanho há o joio e trigo e o propósito do joio é destruir o trigo. "Porque ímpios se acham entre o meu povo; andam espiando, como quem arma laços; põem armadilhas, com que prendem os homens. Como uma gaiola está cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram; Engordam-se, estão nédios, e ultrapassam até os feitos dos malignos; não julgam a causa do órfão; todavia prosperam; nem julgam o direito dos necessitados. Porventura não castigaria eu por causa destas coisas? Diz o SENHOR; não me vingaria eu de uma nação como esta? E encurvam a língua como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em malícia, e a mim não me conhecem, diz o SENHOR. E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz". Assim se encontrava Israel e assim se encontra muitas igrejas que estão implantadas na terra como agências do reino de Deus. Foi por ouvir a voz do povo que o Sacerdote Arão, irmão de Moisés levou Israel ao pecado da idolatria. “E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal”; (Ex 33:21,22). O povo é inclinado ao mal desde que os nossos primeiros pais pecaram desobedecendo ao Senhor. Muitas vezes o povo não sabe discernir a mão direita da esquerda e faz o que lhe apraz segundo o seu enganoso coração. Por isso o povo precisa de um guia que ame a sua alma e o conduza nas veredas do Senhor porque o propósito de Deus é que todos o conheçam, que sejam salvos, que o obedeçam e que os seus lideres andem debaixo do seu comando e não segundo os seus próprios entendimentos.
Deus abençoe a sua vida.

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